
<p>As vozes plurais e resistentes de mais de 500 mulheres ecoaram no auditório da Unifamec na tarde desta sexta-feira (25), através da 3ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres Tereza de Benguela. O encontro, promovido pela Secretaria da Mulher de Camaçari (Semu), reuniu representantes do poder público, movimentos sociais, coletivos e da sociedade civil para importantes rodas de diálogo e construção coletiva de propostas voltadas às cidadãs camaçarienses.</p>



<p>Tendo como base o tema &#8220;Mulheres protagonizando sua história: Democracia, Respeito Dignidade e Autonomia&#8221;, a conferência também abordou eixos temáticos com foco na Igualdade no Mundo do Trabalho e Autonomia Econômica; Educação para Equidade e Valorização da Diversidade; Enfrentamento a Todas as Formas de Violência Contra a Mulher; Saúde Integral das Mulheres e Garantia de Direitos; Participação das Mulheres nos Espaços de Decisão e Poder; e Democratização da Comunicação e Acesso à Cultura.</p>



<p>“Temos que apoiar as mulheres solo, as mulheres pretas, as mulheres da periferia, as mulheres da favela, todas as mulheres. Uma cidade justa e igualitária só é possível quando as mulheres ocupam os espaços de decisão”, enfatizou o prefeito Luiz Caetano.</p>



<p>Branca Patrícia, secretária da Mulher, enfatizou que a conferência é um marco para o município. “Iniciamos aqui uma grande história, que com certeza vai transformar Camaçari em uma cidade protetora, acolhedora e conectada com as nossas mulheres. Camaçari sai na frente sendo referência nas conferências a nível estadual”, disse.</p>



<p>A delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Maria Tereza Santos, falou sobre a luta contra o feminicídio no país em que a cada seis horas uma mulher é vítima de feminicídio. “Os dados apontam que mulheres negras são a maioria. Mas diariamente, mulheres negras, brancas, formadas, médicas, juízas, limpadoras de rua, e tantas outras, são vítimas de violência doméstica. Nosso desafio é não deixar que chegue ao feminicídio. As portas da Deam estão abertas e peço que as mulheres não se calem. O 190 está ativo e cumprindo fielmente seu papel de acolher e cuidar das mulheres”, alertou.</p>



<p>Abordando o espaço da mulher na política, a vice-prefeita, Pastora Déa Santos, demarcou os desafios. “Muitas vezes a gente mulher, e principalmente mulher preta, tem que estar provando o tempo todo que somos capazes, porque só o cargo não serve se você não tiver postura e souber quem você é, enquanto mulher e mulher preta. A mulher é, muitas vezes, descredibilizada só por ser mulher. Vamos ampliar mais políticas públicas de equidade e qualificação profissional para a mulher”, afirmou.</p>



<p>A diversidade na identidade da mulher camaçariense também foi destaque. Na cidade, que tem origem tupi-guarani, foi posto em pauta melhorias para a comunidade indígena que vive na região. “Nós, mulheres indígenas, celebramos essa visibilidade. Conseguimos levar, dentro do nosso eixo, a pauta da economia solidária, fonte de renda para muitas mulheres, a maioria chefe de família”, pontuou a cacica Renata Silva, da Aldeia Tupinambá Divino Espírito Santo, em Abrantes.</p>



<p>A participação na conferência é aberta para representantes de instituições públicas e privadas, movimentos sociais, universidades, conselhos de direitos, além de integrantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Ao longo da programação, o público participou de apresentações culturais, palestras e da leitura do Regimento/Divisão dos GTs (Grupos Temáticos).</p>



<p>Daniela Araújo, assessora especial da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM), ministrou a palestra tema da conferência. “Estamos aqui hoje e sempre para reafirmar que somos capazes de fazer aquilo que a gente é capaz de imaginar. Eu desejo fortemente que todas nós possamos imaginar um futuro livre, de emancipação, com mais direitos, liberdade e dignidade para todas nós”, encorajou.</p>



<p>Após a sistematização e aprovação das propostas apresentadas por cada grupo, houve a plenária final e a eleição que escolheu representantes de Camaçari para atuar nas Conferências Territorial e posteriormente Estadual de Políticas para Mulheres. Das 500 inscritas, 35 mulheres foram eleitas, respeitando as regras de porcentagem adotadas pelo regimento.</p>



<p>A conferência consolidou todas as proposições debatidas ao longo dos três encontros de escuta que marcaram as pré-conferências em Vila de Abrantes, no Teatro Alberto Martins (TAM) e no distrito de Parafuso. Todas as ideias foram integradas em um único documento, que servirá de base para formulação de políticas públicas direcionadas às mulheres camaçarienses.</p>

3ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres amplia debate sobre direitos, autonomia e respeito
